O aparelho eletrónico que todos deitamos fora e que contém 450 miligramas de ouro de 22 quilates

Uma concentração de ouro mais elevada do que nas minas A indústria eletrónica produz cerca de 50 milhões de toneladas de resíduos por ano. Esses resíduos estão repletos de recursos estratégicos subutilizados. Uma tonelada desses resíduos pode conter até 400 gramas de ouro, um teor muito superior ao dos minerais extraídos nas minas industriais, onde o rendimento raramente ultrapassa os 5 gramas por tonelada. Apesar deste potencial, 80 % dos resíduos eletrónicos ainda não são reciclados de forma estruturada e, muitas vezes, são tratados em condições perigosas, com mercúrio ou cianeto, em detrimento do ambiente e da saúde pública.

Um avanço suíço revoluciona a reciclagem do ouro

Investigadores da Escola Politécnica Federal de Zurique (ETH Zurich) desenvolveram uma tecnologia disruptiva para extrair o ouro presente nos circuitos eletrónicos. O seu método baseia-se na utilização de fibrilas derivadas do soro de leite, um subproduto da indústria de queijos, transformadas em esponjas proteicas.

Estas estruturas biológicas capturam seletivamente os iões de ouro dissolvidos numa solução metálica obtida após o tratamento das placas base. Em seguida, o material é aquecido a alta temperatura para produzir pepitas sólidas de ouro de 22 quilates, sem necessidade de recorrer aos agentes químicos habituais.

Rumo a uma economia circular de componentes eletrónicos

O objetivo é claro: reduzir a dependência da exploração mineira através do desenvolvimento de uma indústria de reciclagem capaz de recuperar, purificar e revalorizar os metais contidos em aparelhos obsoletos.

O tratamento segue uma cadeia estruturada:

  • recolha de aparelhos,
  • desmontagem manual,
  • tratamento dos componentes por via proteica,
  • recuperação seletiva de metais,
  • recondicionamento em lingotes ou pepitas valorizáveis.

Outros materiais como o cobre, o paládio, o níquel ou a prata também são recuperáveis, combinando este método com técnicas de pirometalurgia ou hidrometalurgia, já conhecidas na indústria.

Repensar o valor dos resíduos digitais

Esta mudança de paradigma revela um desafio geoeconómico importante: os metais contidos nos milhões de aparelhos inativos ou usados representam uma fonte alternativa considerável.

O ouro, contido nos circuitos impressos e conectores, é apenas um exemplo. Ao reciclar corretamente esses componentes, os Estados, as empresas e até mesmo os particulares podem participar de uma estratégia mais autônoma e sustentável de gestão de recursos.

O investimento em metais físicos: uma escolha estratégica

Num ambiente económico marcado pela instabilidade geopolítica, pela dívida e pelos riscos bancários sistémicos, investir em ouro físico continua a ser uma estratégia pertinente para preservar o património. Lingotes, moedas de ouro históricas, prata de investimento. Todos estes ativos tangíveis permitem uma diversificação fora do sistema bancário.

Eles não representam apenas uma reserva de valor, mas também uma alavanca para a desbancarização parcial, em um mundo em que os ativos digitais e os produtos derivados desconectados da realidade expõem as economias a uma volatilidade extrema.

Alice/ author of the article

Sou a Alice — tenho um blogue com dicas para o dia a dia: truques simples, economia de tempo e energia, inspiração para uma vida confortável e organizada.

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