Em plena onda de malware espião, o velho truque de «reiniciar o telemóvel de vez em quando» já não é suficiente Em plena era do malware espião e dos ataques silenciosos ao telemóvel, um conselho é cada vez mais repetido: «reinicie o telemóvel de vez em quando». Mas, de acordo com várias agências de cibersegurança, esse gesto nem sempre é suficiente. Na verdade, tanto o FBI como outras organizações internacionais começam a insistir numa alternativa mais radical: desligar completamente o dispositivo durante alguns minutos.
Por que reiniciar nem sempre é suficiente
Durante anos, especialistas como os da NSA americana recomendaram reiniciar o telemóvel uma ou duas vezes por semana para interromper processos em segundo plano e dificultar a ação de possíveis malwares. Ao reiniciar, muitos aplicativos são fechados e parte do código malicioso deixa de ser executado, pelo menos temporariamente.
No entanto, a Agência Nacional Francesa de Cibersegurança (ANSSI) alerta que os ataques mais sofisticados aprenderam a contornar essa rotina. Alguns são capazes de simular o reinício do telefone: o ecrã desliga-se, parece que o sistema está a reiniciar, mas na realidade o dispositivo continua ligado e o software espião continua a funcionar em segundo plano.
Este tipo de técnicas foi documentado tanto no Android como no iOS: o malware intercepta o comando para desligar ou reiniciar, mostra uma animação falsa e mantém o terminal operacional enquanto o utilizador pensa que está desligado.
Desligar completamente: a recomendação das agências

Diante desse cenário, a ANSSI propõe uma medida mais simples e eficaz: em vez de pressionar “reiniciar”, desligue completamente o telemóvel, deixe-o alguns minutos sem ligar e, em seguida, ligue-o novamente.
Esse desligamento real corta a alimentação dos processos, força o encerramento de todas as aplicações e impede que o malware possa “fingir” que o telemóvel foi desligado quando, na verdade, continua ativo.
Na mesma linha, o FBI recomenda que os utilizadores desliguem o seu smartphone periodicamente — mesmo que seja diariamente, por alguns minutos — como medida adicional de segurança. A chave, sublinham, é que se trate de um desligamento completo, não apenas de um reinício rápido.
O que pode fazer no seu dia a dia
Embora nenhuma ação garanta 100% que um telemóvel esteja livre de ameaças, as agências concordam que desligar completamente o dispositivo de vez em quando ajuda a:
- Interromper a atividade de spyware e outros códigos que dependem de estar sempre em execução.
- Reduzir a superfície de ataque contra ferramentas projetadas para espionar chamadas, mensagens ou câmaras.
- Complementar outras medidas básicas de segurança, como manter o sistema atualizado, usar senhas fortes e desconfiar de links ou arquivos suspeitos.
A conclusão é clara: reiniciar continua sendo útil, mas, se você quiser dificultar as coisas para os invasores, a ação mais simples e eficaz é também a mais contundente: desligar completamente o celular por alguns minutos e ligá-lo novamente depois.
